"Isso é normal?!"

@foliadorei responde!

A pergunta que mais me fazem, através da consultoria que pratico em grupo, individual ou com casais é certamente se "isso ou aquilo é normal", o que me faz deixar aqui algumas considerações.

Primeiro, vamos aos significados. "Normal" vem de "norma", ou seja, padronização, regras, leis,  padrões sociais, culturais ou o que é habitual, costumeiro, frequentemente visto, porém, o que não quer dizer que seja o correto ou natural. Algo considerado normal pode, muitas vezes, ser uma doença, como uma gripe, ou contravenção, como furar uma fila, por exemplo.

Outro exemplo: "sexo convencional" (ou "normal") é a relação íntima e genital entre um homem e uma mulher, limitada ao coito vaginal. Assim, tudo que for natural, mas não seguir esta padronização "papai-mamãe", passa a ser "não-convencional" ou mesmo (muitos acreditam) "anormal". Sexo sem penetração (gouinage), sexo oral, anal, sexo entre pessoas do mesmo gênero, etc.

Em tempo, o que hoje é "anormal", amanhã poderá ser facilmente entendido como "normal", bastando se acostumar com o fato ou alterando as leis ou conceitos - era normal fumar em ambientes fechados até os anos 80.

Para as nossas intimidades, muitos me contam seus causos e desejos, perguntando, logo em seguida, se são coisas "normais" ou não. Aí vem outra questão importante: a falta de conhecimento, autoconhecimento ou mesmo a insegurança via baixa autoestima, especialmente por conta da falta de conhecimento (o tabu social em diversos assuntos, sendo os principais sexo e sexualidade, também são fatores para estas inseguranças).

O debate sobre masculinidade, levando ao plural "masculinidades" e a dificuldade na classificação de gêneros, na atualidade.

Vejo que esta preocupação está muito atrelada às comparações que fazemos entre nós e os outros, como se tais atitudes tivessem uma hierarquia, como se o que todos fazem, tenhamos também que fazer ou teríamos mais aval em continuar fazendo. Ou, por outro lado, se algo é mais raro de acontecer, ficarmos receosos em praticar.

De qualquer forma, ser "Maria vai com as outras" nunca foi indicado para nada na vida. Cada um tem suas histórias, convicções, limitações, desejos e fantasias, e comparar comportamento entre personalidades diferentes é mais que uma armadilha, é sofrimento certo.

Afinal, entre quatro paredes deveria valer tudo, dese com o consentimento do casal. Entender os próprios desejos e o próprio corpo, já é um ponto de partida fundamental para não cairmos nestas armadilhas, seja pelo o que o(a) parceiro(a) deseja ou pelo o que a cultura nos impõe.

Contudo, a pesquisa é livre! Devemos buscar informações para nossas dúvidas. Ficar no imaginário ou achismos não vai resolver nada. Temos desde o google até profissionais para cada caso, seja no âmbito da saúde, comportamento, sexualidade, relacionamento, incluindo nosso prazer sexual e satisfação pessoal. Investir nestes esclarecimentos só vai trazer mais segurança, tranquilidade e empoderamento para nossas vidas.

Contudo, se seu comportamento ou desejo não se enquadram entre os crimes, contravenções ou doenças, fique tranquilo, é "normal"!

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